Na época que descobri estar com a síndrome do pânico, já estava passando por uma fase terrível na vida, pois sofria de depressão, não tinha animo pra nada e tudo ocorria por conta de frustrações pessoais, profissionais e amorosas.
Não me esqueço do dia em que sofri minha primeira crise de pânico, pois a sensação foi a pior e mais sufocante que já senti.
Certo dia, por volta das 6 horas da manhã, meu pai veio até meu quarto chamar-me para trabalhar. Chegando próximo a mim, viu que minha respiração estava ofegante e que eu tremia muito, então ele me chamou e eu acordei com um grito: SOCORROOOOO! Meu pai nesse momento se assustou e me perguntou:
O que é isso Túlio, você sonhou com o que?
E eu o respondi: Com nada pai, não me lembro, só não quero levantar daqui, porque estou com muito medo de morrer!
Meu pai em meio a tantas turbulências que já enfrentara comigo durante meses, devido à depressão, se viu numa sinuca de bico, pois não sabia o que estava acontecendo naquele momento, pois eu não conseguia colocar os pés no chão com medo de morrer.
Lembro-me bem a sensação que senti naquele dia, pois dentro de mim algo gritava com muita força que eu iria morrer a qualquer momento e que meu coração ia parar. Sentia-me como se o chão estivesse abrindo à minha frente, e com isso comecei a chorar copiosamente e gritava suplicando ao meu pai por socorro e falava que não queria morrer!
Infelizmente com o passar do tempo as coisas só foram piorando, pois com isso, perdi meu emprego e comecei a ter crises e mais crises de síndrome do pânico. Na maioria das vezes as crises aconteciam em lugares onde tinha certo fluxo de pessoas e nessas horas meu corpo parecia ser tomado por alguma força estranha da qual eu não conseguia mais controlar.
Isso era o mesmo que fobia social, uma forma mais específica da Síndrome do Pânico, e se caracteriza por crises de ansiedade em situações como: reuniões, apresentações, discussões com superiores, assinar algum documento, cheques ou mesmo levantar uma xícara de café em público.
Os sintomas físicos mais comuns são taquicardia, sensação de falta de ar, tremor, fraqueza nas pernas, ondas de frio ou de calor, tontura, sensação de que o ambiente está estranho, que a pessoa "não está lá" (isso se chama desrealização e não tem nada a ver com loucura), sensação de desmaio, infarto, pressão na cabeça, de que vai "ficar louco", que vai engasgar com alimentos, assim como crises noturnas de acordar sobressaltado com o coração disparando e com o corpo todo suado.
Infelizmente a Síndrome do pânico afetou muito a minha vida social e amorosa, pois eu chegava a urinar na cama de medo, não tinha confiança em mim mesmo e achava que todos tinham medo de mim. Certa vez quando estava entrando no cinema, meu coração pareceu parar na garganta e eu não conseguia ver ninguém e sem pensar duas vezes soltei um grande grito no meio da sala onde todos olharam e começaram a rir, pensando que eu fosse algum retardado ou coisa do tipo.
Eu costumo falar que esse tipo de doença é sim capaz de matar pessoas que não tem uma base familiar, que não tem o amor e a atenção de amigos, parentes e principalmente, pessoas que não tem Fé. Tudo isso porque geralmente a família sofre porque não consegue ajudar e sobrecarrega a pessoa, pois a vê passar por cardiologistas, clínicos, neurologistas, gastroenterologistas, otorrinolaringologistas, etc., fazer exames, tomar calmantes, estimulantes.
Então começa a dizer que é “cena”, "frescura", falta de força de vontade, de coragem e começa a dar palpites para você "se ajudar" “se animar" "reagir" e etc., como se você não soubesse de tudo isso.
A pessoa que mais sofreu e compartilhou dessa doença terrível ao meu lado foi o meu herói, a pessoa na qual eu me espelho e que sigo cada conselho de vida, que é o meu maravilhoso PAI, pois ele no inicio me levava até o trabalho com muita dificuldade e quando chegávamos, eu não conseguia descer do carro e me agarrava em seu braço e gritava pelo amor de Deus para que ele não me deixasse ali sozinho com aquelas pessoas.
Por varias vezes pude ver as lagrimas escorrerem em silencio pelo rosto abatido e preocupado do meu Pai, mais ele sempre encarou tudo comigo e nunca me deixou sozinho.
O que passei nesse tempo é algo que não desejo nunca pra ninguém, pois você pensar o tempo todo que vai morrer, que é o seu último dia de vida, você chegar a urinar nas calças de medo, chegar a gritar em um ambiente onde você acha que está sozinho, mas que na realidade o lugar está cheio de pessoas! Tudo isso eu passei, e nesse tempo fui humilhado por pessoas ruins, fui motivo de chacota entre os que se acham “fortes”, “intocáveis” e o pior, já chegaram a falar que isso era falta do que fazer, por excesso de mimo que tinha dos meus pais desde pequeno.
Mesmo assim não desejo que essas pessoas passem pela metade que passei, pois desconfio que as mesmas não agüentariam a metade.
Pois Sofrer de Pânico não tem nada a ver com personalidade forte ou fraca, com a pessoa ser ou não corajosa.
Hoje, GRAÇAS A DEUS, posso dizer que me curei dessa doença, desse mau terrível, graças a minha família e principalmente a minha FÉ em DEUS, pois isso nunca morreu dentro de mim e tenho a certeza que graças a isso eu nunca em nenhuma hipótese deixei de ser realmente o Marco Túlio. Aquele que nunca pensou em usar drogas, nunca bebeu nenhuma bebida alcoólica e nunca perdeu as esperanças que no fim tudo ia voltar a ser como era antes.
Eu falo isso porque muitas pessoas por fraquezas e por estarem mau psicologicamente se entregam as drogas e bebidas, ou se tornam pessoas totalmente diferentes por conta dessa doença.
Agradeço infinitamente a DEUS, minha Família (principalmente meu Pai), amigos e agradeço também a todos que de alguma forma ajudaram com orações e pensamentos positivos. Agradeço também a vocês por me dar a oportunidade de compartilhar tudo isso com vocês leitores e amigos, confesso estar muito emocionado nesse momento por relembrar uma das maiores dificuldades e tormentas que passei na minha vida.
Deixo vocês com uma linda frase e três vídeos lindos da banda Rosa de Saron, que na época foi uma banda presente na minha vida por suas canções sempre fortes e que tocam o coração de quem se sente realmente amado e confortado nos braços do Senhor.
È muito importante ver os vídeos, pois só assim vocês vão entender a intensidade que uma musica pode causar no coração de alguém.
“Se a fé em Deus for verdadeira haverá sempre certeza de vitória no coração.”
Abraços e fiquem com Deus.